domingo, 22 de maio de 2022

 

TAISE SPOLTI

Quando foi a ultima vez que você mastigou arroz com feijão?

iStock

Parece uma pergunta um tanto estranha, mas pense aí, quando foi? Não vale responder que mastigou por que tinha um pedaço de carne junto, ou um pepino, ou um bacon...

Quando eu pergunto isso no consultório, logo vem aquela 'cara de espanto': "Meu Deus, acho que nunca pensei nisso", geralmente essa é a resposta

Mastigação é um ato que deveria ser natural, mas a depender de qual o tipo de refeição estamos fazendo, como um simples arroz com feijão, ela acaba sendo deixada de escanteio.

Comidas mais cremosas, soltas e leves, ou com molho, muitas vezes passam reto pela boca e garganta, não sendo mastigadas como deveriam, e chegam ao estômago de forma muito íntegra, e aí começam alguns problemas. Pareceu estranho no início, mas agora eu tenho certeza que começa a ficar mais clara a minha pergunta.

E você sabia que o ideal de uma mastigação, seriam entre 18 e 23 mordidas? E claro, isso ficará a critério de muitos fatores, como a pressa, o tipo de comida (se for uma sopa cremosa, por exemplo, você sequer precisa mastigar, mas se for aquela carne super passada e dura, ihhh... serão muitas mastigadas), e até a temperatura, afinal, comidas geladas tendem a ser as menos mastigadas, tal como uma salada verde ou um carpaccio.

A mastigação é a primeira e uma das mais importantes etapas da digestão do alimento, quando mal feita, acaba causando uma cascata de situações dentro do nosso organismo, começando pela maior exigência em sucos gástricos, que poderão causar lentidão na degradação do alimento, menos absorção dos nutrientes, sensação de mal-estar gástrico, e com o passar dos anos, uma má digestão crônica em um indivíduo que ficará refém de antiácidos, protetores gástricos ou os tais inibidores de bomba de prótons (IBP), como Omeprazol, Pantoprazol.

O que é mastigar, por sinal?

É o ato mecânico de triturar, macerar, triturar e pasteurizar um alimento, sem que essa etapa primária da deglutição ou as outras etapas ficam comprometidas.

Durante a mastigação, trituramos o alimento e expomos as partículas, ainda na boca, às enzimas degradativas, como a amilase que é responsável pela degradação do amido, presente na maioria dos carboidratos.

Além desta, há outras exposições a enzimas que já antecipam a produção de suco gástrico, e que ao entrarem no estômago, estarão mais fáceis para a continuação da degradação e, consequentemente, absorção de nutrientes, especificamente os micronutrientes (vitaminas e minerais), através da mucosa intestinal.

Uma má mastigação, lhe causará uma ineficaz absorção destes nutrientes, e sabemos que muitas vezes a pessoa que tem uma boa alimentação, mantém bons hábitos e, mesmo assim, ainda tem alguns problemas relacionados a nutrição, pela má absorção de nutrientes, ou excesso de gazes, estufamento, azia, má digestão, não sendo o problema o alimento ou a dieta em si, mas em como esta alimentação está sendo consumida.

Sabemos, inclusive, que a alimentação daquele indivíduo que está sempre em uma rotina intensa pode ser o mais saudável possível, mas pelo simples fato de consumir sua refeição correndo, sem conexão com a refeição, mexendo no celular, fazendo reuniões, ou comendo em pé pela casa enquanto arruma a criança para a escola, é a que mais apresenta sinais de má absorção dos nutrientes, tendo uma deficiência nutricional aqui ou ali, sintomas como azia, queimação constante, dores de cabeça, estufamentos.

Além desses sintomas, que acabam se somando ao longo dos anos, há ainda uma complicação que acaba em constipação, e que também causa danos colorretais, isso tudo, pensando em bons anos de maus hábitos na mastigação.

Agora responda, novamente, quando foi a ultima vez que você mastigou um purê de batata? Ou um macarrão com molho de tomate? E quantas vezes você mastiga um pedaço de carne, será que chegam nas 23 mordidas?

Não coma correndo e aproveite cada refeição - iStock - iStock
Não coma correndo e aproveite cada refeição
Imagem: iStock

Dicas para melhorar sua digestão, através da mastigação:

  • Coma devagar;
  • Mastigue entre 15 e 18 vezes inicialmente, mas vá aumentando com o passar dos dias;
  • Não consuma bebidas durante a refeição, o fato de precisar de algo líquido para 'empurrar' a comida é o primeiro sinal de má digestão: ela estufa e você acaba literalmente empurrando a comida para dentro sem mastigar;
  • Espere de 12 a 15 segundos entre cada porção ingerida.

Após esses primeiros passos fáceis de mastigação, você consegue adquirir alguns benefícios, que sãos os primeiros e mais notáveis ajudantes na absorção dos nutrientes, além de aliados no comportamento alimentar e consequentemente melhor hábito alimentar: maior saciedade, maior controle da ingestão de alimentos, maior absorção de nutrientes, maior conexão com a refeição, menos efeitos digestivos negativos como má digestão e azia.

Outra dica, é dar preferencia pela mastigação maior e mais eficaz em alimentos crus, principalmente frutas, saladas, e carnes cruas como peixes ou carne de gado, pois os alimentos cruz são os que precisam de maior digestão para quebra e absorção de nutrientes, por estarem 'in natura'.

O processamento desses alimentos se dá de forma mais intensa pelo trato gastrintestinal, e quando não realizado de forma eficaz, causam maiores desconfortos, levando inclusive a diarreias crônicas.

Agora, por fim, prometa: você vai começar a mastigar mais vezes o seu alimento, ok?!

Taise Spolti

TAISE SPOLTI


22/05/2022 

terça-feira, 17 de maio de 2022

 Bordado em família ilustra livros de Jorge Amado e disco de Maria Bethânia  Festa na beira d"água, uma das obras bordadfas da família Dumont - Arquivo pessoal


Festa na beira d'água, uma das obras bordadfas da família Dumont Imagem: Arquivo pessoal


Família Dumont

Família Dumont    QUEM SÃO 







Dona Antônia (ao centro), os filhos Sávia, Marilu, Demóstenes, Martha e Ângela são a família de bordadeiros à frente da Matizes Dumont, que ilustra obras a partir do bordado espontâneo em Pirapora,MG. 

Como poderia o bordado ultrapassar os tecidos, as cores e desenhos traçados pelas mãos? A família Dumont tem essa resposta. Dona Antônia, a matriarca, inspirou seus filhos Sávia, Marilu, Demóstenes, Martha e Ângela a criar enredos incríveis que se tornariam para eles uma diversão. Hoje, o quinteto vê os netos brincarem com agulhas e fios, prontos para perpetuar a manualidade pela qual são reconhecidos Brasil afora com o grupo Matizes Dumont..https://www.matizesdumont.com/

A técnica de bordado espontâneo leva o bordar tradicional ao caminho da Arte. Misturas de tecidos, matizes e tessituras se põem em cena a fim de criar quadros riquíssimos e contar histórias da vida simples do interior. Afinal, tudo começou em Pirapora, MG, onde cresceram livres.

Com o tempo, ilustraram livros — alguns premiados pelo Jabuti — de nomes como Jorge Amado e Marina Colasanti, só para citar alguns dos famosos. Dorival Caymmi e Maria Bethânia têm suas ilustrações bordadas em livro e disco, respectivamente. A última cantou sobre um palco com a projeção do bordado do grupo, imagine só a emoção. "Considero que o bordado é o que me equilibra na vida, me dá ânimo e uma vida boa e saudável", conta Sávia, que abraçou a missão desde criança. Graças a ela e aos irmãos, o projeto ganhou viés solidário com a criação do Instituto Cultural Antônia Dumont, que ensina pessoas em situação de de vulnerabilidade a bordar. 

Desejo de fazer 

"O bordado exige uma coisa primordial: o desejo de fazer. Desejar exercitar a paciência e a manualidade estão acima de tudo. Todo mundo pode aprender", aponta Sávia. 

Com o tempo e as possibilidades que a técnica oferece, torna-se paixão. Assim como aconteceu com a família, que se desafia cada vez mais, não importa se levar anos para terminar uma obra.

É o caso da coleção Portinari, composta por 20 telas bordadas por um ano e meio pelo quinteto. "Incentivamos muito mulheres, homens, jovens, adolescentes que aprendem conosco a passarem para a frente essa arte. Só assim conseguiremos manter a tradição brasileira viva por mais tempo", diz Sávia. Ela sabe dos vilões que rondam as manualidades atualmente, as telas digitais. Por isso, o grupo não para. No momento, organiza o segundo Encontro do Bordado Brasileiro, que acontece de 6 a 10 de julho em Pirapora, cidade natal da família. A programação é repleta de oficinas para aprender a bordar e tem show de Geraldo Azevedo..

sexta-feira, 13 de maio de 2022

13 DE MAIO DIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

 














Nossa Senhora de Fatima: conheça mais sobre a padroeira de Portugal

Nossa Senhora de Fátima teve origem na cidade de Fátima, em Portugal, onde três meninos, Lucia de Jesus Santos (10 anos) e seus primos Francisco Martos (9 anos) e Jacinta Martos (7 anos), tiveram a visão de Nossa Senhora. No total foram sete aparições de dela aos três meninos, sempre no dia 13 de cada mês, começando em 13 de maio.

Lucia via e conversava com Nossa Senhora de Fátima. No começo as crianças se assuntaram, mas Nossa Senhora de Fátima as tranquilizaram, dizendo para não terem medo, e que ela era do Céu. 

Nossa Senhora disse para rezarem o terço todos os dias, para alcançarem a paz e o fim da guerra. A mensagem de Fátima é uma mensagem de conversão e arrependimento. Nossa Senhora de Fátima insiste na oração do terço. 

 

Vídeos sobre a História da Nossa Senhora de Fátima

 

 

A bela história das aparições de Nossa Senhora em Fátima, com dados extraídos do livro do Mons. João Clá S. Dias: Fátima a Aurora do Terceiro Milênio. 

 

9 e 10 anos de idade. Às vésperas da canonização de Jacinta e Francisco Marto, videntes de Nossa Senhora de Fátima, Padre Paulo Ricardo fez um programa especial para mostrar, a partir das “Memórias da Irmã Lúcia”, por que a Igreja aceitou elevar duas crianças, sem martírio de sangue, à honra dos altares. Que lições têm a ensinar-nos esses dois pequenos apóstolos da Virgem de Fátima? Como aconteceu a sua santificação e, mais recentemente, o reconhecimento de suas virtudes?

 

 

Há 100 anos, a primeira aparição da Virgem Maria aos pastores portugueses iniciava uma das mais impressionantes narrativas de devoção do mundo católico

13 DE MAIO DIA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA

segunda-feira, 2 de maio de 2022

 

Vista aérea de Urueña, povoado no interior da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Vista aérea de Urueña, povoado no interior da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Situada no topo de uma colina no noroeste da Espanha, Urueña dá vista para uma paisagem ampla e varrida pelo vento que inclui campos de girassóis, de cevada e uma vinícola famosa. As paredes de algumas lojas foram erguidas lado a lado com as muralhas do século XII que a circundam.

Apesar de toda essa beleza rústica, e como muitos vilarejos no interior espanhol, há décadas ela vem enfrentando problemas por causa do encolhimento e do envelhecimento da população, estagnada em apenas cem moradores em tempo integral. Aqui não há açougueiro nem padeiro, já que ambos se aposentaram há alguns meses; a escola conta com apenas nove alunos. Nos últimos dez anos, porém, um setor que vai de vento em popa é o literário: há 11 casas comerciais que vendem livros, sendo nove especializadas.

— Nasci em um vilarejo que não tinha livrarias, onde as pessoas se preocupavam muito mais em cultivar a terra e criar animais do que ler. Essa mudança é meio estranha, sim, mas não deixa de ser motivo de orgulho um lugar minúsculo como este ter se tornado um centro cultural, o que sem dúvida nos diferencia e nos torna especiais em comparação com as aldeias à nossa volta — afirma o prefeito Francisco Rodríguez, de 53 anos.

Urueña, o vilarejo no interior da Espanha que virou atração turística para amantes dos livros

A livraria Páramo, uma das 11 que funcionam em Urueña, cidadezinha no interior da Espanha com apenas cem habitantes — Foto: Samuel Aranda/The New York Times
10 fotos
Com uma população fixa de apenas cem pessoas, cidadezinha a duas horas de Madri tem 11 livrarias

A tentativa de transformar Urueña em um centro literário vem de 2007, quando as autoridades da província investiram três milhões de euros para ajudar a restaurar e converter as construções locais em livrarias e construir um centro de exposições e conferências. E fizeram uma oferta de dez euros mensais como aluguel simbólico para os interessados em administrar um dos negócios.

O plano era manter a aldeia viva graças ao turismo de livros, imitando o de outros centros literários rurais europeus — mais notadamente Montmorillon na França e Hay-on-Wye no Reino Unido, que organiza um dos festivais mais famosos do continente.

A Espanha é dona de um dos maiores mercados editoriais da Europa, que alimenta uma rede de cerca de três mil livrarias independentes — e o dobro disso se contarmos as papelarias e outras casas comerciais que também vendem livros.

— No entanto, 40% delas têm um lucro anual de menos de 90 mil euros, o que as coloca na categoria de "subsistência". Nesse setor, tamanho é documento; a tendência é que as menores desapareçam, como se dá em outros países onde essa é uma indústria consolidada — explica Álvaro Manso, porta-voz da Cegal, associação que representa as livrarias independentes espanholas.

Crianças brincam no letreiro que descreve Urueña como a 'cidade do livro' na Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Crianças brincam no letreiro que descreve Urueña como a 'cidade do livro' na Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Para ajudar as empresas menores a competir, o Ministério da Cultura da Espanha injetou nove milhões de euros em subsídios para a modernização e a digitalização do setor.

— A sobrevivência dessa imensa rede de livrarias na Espanha, onde os níveis de leitura não são particularmente altos, é um dos grandes paradoxos deste país, mas acho que também porque vivemos em uma bolha literária. Como o aluguel é baixo, dá para sobreviver financeiramente vendendo usados, que vão desde clássicos da língua espanhola, como "Pedro Páramo", em que me inspirei para dar nome à loja, até HQs como Tintin. De quebra, tenho uma exibição de 50 modelos de máquinas de escrever que supostamente foram usados por nomes como Jack Kerouac, J.R.R. Tolkien, Karen Blixen e Patricia Highsmith — disse Victor López-Bachiller, de 47 anos, dono de uma livraria e um dos cem residentes em tempo integral de Urueña, dos quais a maioria é de aposentados.

A jornalista Tamara Crespo e seu marido, o fotógrafo Fidel Raso, compraram uma casa em Urueña em 2001, antes da iniciativa de torná-la um centro literário, mas também abriram uma livraria especializada em fotojornalismo.

— Para mim, viver aqui é muito mais do que ter um comércio e não precisar se preocupar com o aluguel; tem a ver com a manutenção de certo estilo de vida, do cultivo da comunidade. Alguns proprietários, por exemplo, abrem só esporadicamente, principalmente no fim de semana, quando sabem que há mais visitantes, mesmo que o projeto de investimento estipule o funcionamento durante pelo menos quatro dias por semana. Outra coisa é que nos últimos 20 anos a população continua encolhendo devagar, mesmo que Urueña tenha se tornado atração para os aficionados — afirma ela.

As muralhas do século XII que circundam o vilarejo de Urueña, no noroeste da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

As muralhas do século XII que circundam o vilarejo de Urueña, no noroeste da Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Rodríguez, o prefeito, reconheceu que o fato de se tornar um destino turístico não garante que as pessoas de fora queiram se mudar e manter o vilarejo vivo:

—A aposentadoria recente de alguns comerciantes é prova disso. Infelizmente, não conseguimos encontrar ninguém mais jovem disposto a assumir o açougue.

Com isso, o pão matinal e a carne estão sendo entregues pela aldeia vizinha.

Ele prevê que a demografia desfavorável da Espanha rural — fenômeno conhecido como "La España Vacía", ou "Espanha Vazia" — continue sendo um desafio para a sobrevivência da área. Apesar disso, a iniciativa literária vem dando frutos: Urueña foi escolhida para receber os subsídios por causa da beleza local, das peculiaridades arquitetônicas e da localização relativamente fácil, na saída de uma rodovia no noroeste do país, a pouco mais de duas horas de carro de Madri e a menos de 50 quilômetros da cidade medieval de Valladolid.

Isaac García em sua livraria Grifilm, especializada em cinema, é um dos que apostaram em Urueña, na Espanha  — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Isaac García em sua livraria Grifilm, especializada em cinema, é um dos que apostaram em Urueña, na Espanha — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

O departamento de turismo local registrou 19 mil visitantes em 2021, mesmo em plena pandemia. Segundo as autoridades, o número real foi muito mais alto porque os excursionistas que chegam só para passar o dia não se registram na sede. Urueña também recebe cerca de 70 mil euros por ano em dinheiro público para organizar eventos culturais como aulas de caligrafia, apresentações teatrais e conferências.

Isaac García, dono de uma livraria especializada em livros sobre cinema, já morou com a companheira, Inés Toharia, na periferia de Hay-on-Wye, o paraíso dos livros do País de Gales, e não pensou duas vezes em agarrar a oportunidade de ter o próprio negócio no centro da Espanha:

— Nossa ideia era poder unir uma grande iniciativa com o estilo de vida dos nossos sonhos, mas na nossa terra natal. É claro que Hay teve muito mais tempo para se estabelecer, mas acho que Urueña, aos pouquinhos, também chega lá.

Eles, às vezes, usam a parede dos fundos da loja para a projeção de filmes, mas as poucas tentativas de instaurar exibições noturnas ao ar livre se mostraram complicadas demais.— O vento é muito forte — justificou.

Pessoas caminham nas ruas da pequena Urueña, que recebeu cerca de 19 mil visitantes em 2021 — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Pessoas caminham nas ruas da pequena Urueña, que recebeu cerca de 19 mil visitantes em 2021 — Foto: Samuel Aranda/The New York Times

Mas, mesmo antes da chegada das livrarias, Urueña tinha lá suas atrações culturais — como Joaquín Díaz, morador de longa data, que é cantor de músicas de raiz e etnógrafo. Ele saiu de Valladolid nos anos 1980 e hoje, aos 74 anos, vive em um prédio antigo, onde reuniu uma vasta coleção de instrumentos, livros e gravações tradicionais. Sua casa, aliás, foi transformada em museu pelas autoridades da província, há 30 anos.

— Sou realista, não acredito em excesso de nostalgia — comentou, referindo-se à perda de lojas e setores em vilarejos como Urueña. — No geral, a vida é muito mais fácil no interior da Espanha hoje do que há 50 anos, e ninguém jamais poderia imaginar, quando cheguei aqui, que o comércio de livros é que ajudaria a manter a cidade viva.


Por Raphael Minder / 2022 / The New York Times